Corredores

Ela era tão ingênua, enquanto lhe encarava com aqueles olhos cheios de esperança. Eram tão bonitos...

- Se eu te acompanhar, me deixará sair? - suas pequenas e delicadas mãos união-se sobre o peito, numa adorável espera ansiosa por sua resposta.

- Não, apenas os verá. É o que lhe concederei, por agora, pequena. - respondeu com certa ternura.

- Não, apenas os verá. É o que lhe concederei, por agora, pequena.

Sentiu o coração se apertar novamente, numa angustia que não conseguia transformar em palavras.

Não iria sair dali. Nunca.

Mas poderia vê-los. Isso era algo. Talvez suavizasse sua dor, sua saudade. Se os visse bem, talvez se sentisse melhor. Por ora, era tudo que conseguiria dele. Sabia disso.

-En-então...eu acho que...que está tudo bem. -se aproximou - Mas não irei comer. - deixou claro. Sabia que se alimentasse da comida do submundo estaria consentindo em permanecer ali e estaria presa pra sempre nas garras de Hades. Suas façanhas eram conhecidas no Olimpo, o que fazia com que o temesse ainda mais.

Aproximou-se, pela primeira vez, voluntariamente de si. Partia-lhe observar seu rosto juvenil portando expressões tão tristes, mas era isso que lhe concederia, nada mais. Se para mantê-la próxima seria necessário fazê-la sua prisioneira, que assim fosse.

- Não gostaria que fosse desse jeito, mas sua companhia já me é muito querida. - respondeu calmamente, enquanto lhe pegava pelas mãos e a guiava para a Sala de Jantar.

Fez uma careta infantil quando ele lhe segurou a mão. Poderia ter rechaçado facilmente o contato, mas não queria arriscar a chance de ver sua família, seja lá como ele pretendia fazer isso.

Ele era doentio. Como sua companhia podia ser querida se ela nem ao menos apreciava a presença dele? Seria ele masoquista? Pois esse seria mais uma razão para não darem certos juntos, ela não apreciava a dor alheia.

Devagar, deixou que a guiasse até a sala de jantar.

Seria uma longa noite, na qual seu estomago falaria mais que sua boca.

Baixou os olhos tristonha. Ai, como queria voltar pro Olimpo.

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Pra não perder a sequencia... u.u quando isso ficar uma suruba de posts... u.u

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- Sofro o tormento de sentir.

Isso tinha cara de outra coisa e ele não ia negar isso.

- Acho que já o sofria com menos intensidade pouco antes de desejar Perséfone como minha... mas depois que ela veio para cá, tudo tornou-se bem pior.

- Entendo... – disse de forma pensativa.

- Isso não pára de contradizer meu raciocínio lógico, influencia nos meus princípios, tem me tirado o sono tranquilo e atrapalhado meu trabalho. Tentei diversas vezes sufocá-lo, mas não consigo. Não sei mais o que fazer...

- Estranhamente suas palavras fazem algum sentindo pra mim... – ele observou o irmão e o trouxe para mais perto – Mas é claro, o caçulinha está é com medinho de perder a esposa pra alguém do Olimpo! – ele riu e soltou o irmão. Sabia que isso seria quase impossível visto que Demeter havia quase colocado a menina numa prisão celestial, mas de qualquer forma – Você está passando pela mesma crise que eu tive quando Amphitrite se escondeu de mim! – disse orgulhoso.

Normalmente Poseidon não ligaria para a cara de mau humor de Hades, mas essa lhe incomodava profundamente quando não era por sua causa. Afinal definitivamente não dava para ter uma conversa longa com Zeus sem que algo saísse destruído...

- Estranhamente suas palavras fazem algum sentindo pra mim... - olhou enviesado para Poseidon quando este lhe aproximou mais, através do braço que passava por seus ombros. - Mas é claro, o caçulinha está é com medinho de perder a esposa pra alguém do Olimpo! - depois riu, fazendo-o revirar os olhos.

Não sabia até que ponto Poseidon utilizava aquele tipo de palavreado tão depreciativo para irritá-lo ou se era o jeito dele de falar mesmo. Não tivera muito interesse em estudá-lo e achava que, naquele momento, seria de muita valia. Porém, agora teria de engolir aquilo, devido a sua falta de conhecimento. A única coisa que sabia de concreto é que ele era tão temperamental quanto Zeus e devia entender como funcionava esses sentimentos muito melhor do que ele.

E o que ele queria dizer com aquilo? Que sentia Ciúmes? Do que? Das paredes invisíveis que Deméter tinha construído para tornar Perséfone inatingível?, pensou com sarcasmo, mas ao imaginar a cena dela correndo para os tantos sobrinhos, o sarcasmo desvaneceu.

- Você está passando pela mesma crise que eu tive quando Amphitrite se escondeu de mim! - ergueu a sobrancelha, admirado com tal observação, principalmente o... 'orgulho'...? Que ele demonstrava.

Tentou puxar da mente o ocorrido na época. Porém, só se lembrava vagamente que Poseidon tornou-se fechado e só retornou ao temperamento de sempre quando Amphitrite retornara...

De certo que se Perséfone retornasse, acreditava que voltaria ao normal novamente... ou, ao menos, o que era normal para ele.

- Retirando o fato de eu saber onde Perséfone se encontra no momento e que ela terá de retornar a mim no próximo Outono, parece uma situação parecida... - falou pensativo - E o que fez para Amphitrite retornar? - será que ele conseguiria fazer algo parecido para que Perséfone fosse até ele antes desse espaço ridiculamente enorme de tempo? Nunca imaginou que apenas 6 meses fossem tão longos e terríveis de esperar.

- Retirando o fato de eu saber onde Perséfone se encontra no momento e que ela terá de retornar a mim no próximo Outono, parece uma situação parecida... E o que fez para Amphitrite retornar?

Ele parou pensativo e por fim completou com pensamento alto.

- Acho que golfinhos persuasivos não vou te ajudar nesse momento. – por fim voltou-se ao irmão – O que você estava fazendo de bom para corteja-la?

Ele praticamente não acreditava que havia usado a palavra “cortejo” numa conversa com seu irmão ali presente. O senhor dos mares na verdade não acreditava no tipo de conversa que ele estava tendo, por que as vezes ele tinha que ser tão...sentimental?

O que ele fazia para cortejá-la? O plano desde o começo fora bem simples...

- Aprisionando-a em meu castelo e monopolizando sua atenção apenas para mim. - respondeu extremamente objetivo, como se aquilo fosse muito óbvio.

- Aprisionando-a em meu castelo e monopolizando sua atenção apenas para mim.

Ele se adiantou e parou na frente do irmão o encarando com a sobrancelha erguida.

- Espera, o que disse? – Poseidon re-ouviu as palavras do irmão e bateu com a palma da mão na própria testa. O caçula realmente não tinha noção de como cortejar uma mulher – Agora entendo porque seus semi-deus são uma raridade... – disse encarando Hades de forma seria.

Ele segurou firme o rosto do irmão olhando no fundo dos olhos. É, Hades estava mais morto que normalmente costumava ser.

- Hades meu irmão, o segredo para ter uma mulher é conquistar sua admiração. Não sua atenção... – ele soltou o irmão e o fez continuar a andar – Eu podia muito bem rastrear Amphitrite e visita-la pessoalmente...afinal ela estava no meu território. Fiz isso? NÃO! Ao invés disso lhe mandei recados amorosos através dos Dolphins. – gesticulou orgulhoso da própria história – Por que não faz o mesmo?

Ele parou por um tempo e refletiu, talvez mandar almas penadas para Persefone não fosse uma boa.

- Mas sem a parte de mandar alguma criatura daqui... – completou para não dar chance da inocência de seu irmão cogitar essa possibilidade.

- Espera, o que disse? - perguntou novamente, após lhe barrar a caminhada. Poseidon não era surdo até onde sabia, mas se ele tinha pedido...

- Aprisionando-a em meu castelo e monopolizando sua atenção apenas para mim. - repetiu automaticamente as palavras, como se continuasse a ser algo óbvio. Logo que terminou, ele bateu com a mão na testa. O que tinha falado de errado?

– Agora entendo porque seus semi-deus são uma raridade... – disse encarando-o de forma séria. Se não fosse por isso, levaria como implicância do irmão. Nem quando estava lhe dando conselhos de conquista ele perdia a chance.

Primeiro, porque eles três não podiam fazer filhos devido ao acordo. Segundo, porque ele sabia conquistar uma mulher, sim, mas com Perséfone...

Com Perséfone...

Abaixou a cabeça e os olhos. A dor sempre vinha quando pensava nela diretamente. E não conseguia pensar em nada além disso desde que tinha lhe deixado no Olimpo. De repente, sua existência tinha se tornado uma tortura terrível.

Assustou-se quando o irmão obrigou-o a olhar diretamente em seus olhos, algo que ele nunca fizera antes, nas poucas vezes em milênios que tinham chegado a conversar.

- Hades meu irmão, o segredo para ter uma mulher é conquistar sua admiração. Não sua atenção... - ele logo o soltou, retornando a caminhar, seguindo-o - Eu podia muito bem rastrear Amphitrite e visita-la pessoalmente...afinal ela estava no meu território. Fiz isso? NÃO! Ao invés disso lhe mandei recados amorosos através dos Dolphins. Por que não faz o mesmo?

Fazer o mesmo? Não lhe parecia muito romântico mandar almas penadas para dar recadinhos a Perséfone... nem gárgulas, ou cães infernais e não conseguia encontrar criatura alguma em seu reino que não fosse agoniante, horrendo ou, no mínimo, feio.

Mas o irmão tinha muito mais experiência, em se tratando de outra Deusa... imaginava... apesar de Amphitrite ser uma Nereida. Bem, ainda assim, ele tinha mais experiência em conquistar uma mulher para ser uma esposa do que ele. Isso era um fato. Se ele dizia que funcionava...

- Mas sem a parte de mandar alguma criatura daqui... - ele complementou pouco depois. Ah, fazia mais sentido.

- E o que você dizia nos recados? - já tinha pensado em fazer isso, apesar de ainda achar mais efetivo se pudesse raptá-la novamente e lhe dar o recado pessoalmente. Mas Poseidon já tinha vetado a ideia de ir ao encontro de Perséfone para o mesmo fim. Ele ia ter que inventar um outro método... sem contar que tudo que pensava parecia meio vazio... ele utilizava palavras bonitas, mas sem conteúdo algum. Agora que tinha conteúdo verdadeiro, as palavras lhe fugiam aterrorizadas. A sua existência não poderia ser tão complicada...

- Hades meu irmão, o segredo para ter uma mulher é conquistar sua admiração. Não sua atenção... Eu podia muito bem rastrear Amphitrite e visita-la pessoalmente...afinal ela estava no meu território. Fiz isso? NÃO! Ao invés disso lhe mandei recados amorosos através dos Dolphins. Por que não faz o mesmo? Mas sem a parte de mandar alguma criatura daqui...

- E o que você dizia nos recados?

O local logo foi invadido por um aroma doce e atraente, e uma risada sensual e divertida.

- Incrível como certos assuntos me atraem. - Afrodite olhava para as costas dos irmãos, que logo se voltaram para ela. - O amor pega até mesmo o mais difícil dos Deuses, não é Hades? - Ela sorria para ele, enquanto se aproximava.

Afrodite usava um longo vestido branco que lhe deixava os ombros nus, com detalhes dourados nas pontas, uma sandália dourada. As cores contrastavam com o tom avermelhado de sua boca e intensificavam o verde de seus olhos. Ela quase parecia um anjo em meio àquele lugar.

- Mas é sempre tão mais interessante quando os pombinhos tentam evitar o que é inevitável. - Ela encarou Poseidon e deu uma piscadela maliciosa para ele.

- E o que você dizia nos recados?

- Ora eu... – ele parou ao sentir o reconhecivel aroma.

- Incrível como certos assuntos me atraem. O amor pega até mesmo o mais difícil dos Deuses, não é Hades?

- Afrodite, sua presença a mim muito me agrada! Ainda mais num momento como esse... – disse o senhor dos mares com um sorriso estampado no rosto.

- Mas é sempre tão mais interessante quando os pombinhos tentam evitar o que é inevitável.

- Chegou a ver Perséfone? – perguntou cruzando os braços – Porque está difícil fazer esse chegar a algum romantismo... – apontou para Hades com o polegar.

Enfim os profissionais agora estavam cuidado do caso.

- Ora, eu...

- Incrível como certos assuntos me atraem. O amor pega até mesmo o mais difícil dos Deuses, não é Hades?

Ah, era só o que lhe faltava. Já estava complicado de entender alguma técnica mais eficaz de conquista do que a que estivera fazendo até aquele momento, agora viria a Deusa responsável por um sentimento tão inútil vir lhe atormentar e fazer gracinhas, depois de tudo que lhe dissera...

Com um revirar de olhos, voltou-se para trás para verificar sua... processou por um momento. Até então, ele não sabia que grau de parentesco possuía com Afrodite. Uma incógnita, desde que... 'nascera'.

- Afrodite, sua presença a mim muito me agrada! Ainda mais num momento como esse...

- Mas é sempre tão mais interessante quando os pombinhos tentam evitar o que é inevitável. - inevitável? INEVITÁVEL?, respirou fundo. Queria se livrar daquilo o mais rápido possível, mas parecia só criar mais raizes e enlouquecê-lo. Como ela suportava aquilo todos os dias...?

- Chegou a ver Perséfone? Porque está difícil fazer esse chegar a algum romantismo...

Uma ruguinha de descontentamento foi possível ser vista, enquanto fechava os olhos e respirava fundo. Dois Deuses para fazer pouco caso da sua ignorância quanto a sentimentos era demais para manter-se indiferente como anteriormente. Um irmão que adorava implicar e uma... 'amante' que não tinha parado de atormentá-lo durante uns séculos na esperança de fazê-lo sofrer daquela doença ridícula.

Todo mundo tinha conseguido o que queria naquele momento e não perderiam a oportunidade de fazer da sua existência, por um período, insustentável.

- Posso saber o que faz aqui, Afrodite, além de se vangloriar?

- Afrodite, sua presença a mim muito me agrada! Ainda mais num momento como esse...

Ela sorriu ainda mais para Poseidon.

- Fico feliz que minha presença não seja tão desagradável para todos. - Mandou um olhar torto para Hades.

- Chegou a ver Perséfone? Porque está difícil fazer esse chegar a algum romantismo...

Afrodite riu com sua risada habitual de deboche.

- Hades jamais chegará ao romantismo extremo, você sabe, ele tem uma dificuldade imensa de lidar com os sentimentos que trazem alguma vida. - Ela falava para Poseidon, séria e gesticulando, como se aquele assunto precisasse de extrema atenção - Ele não nasceu preparado para isso, é o que eu digo. - Ela sorriu para Hades e voltou a encarar Poseidon - Porém, posso sentir a confusão dele, como posso sentir a dela. - Afrodite sentiu a atenção de Hades sobre ela - Mas não vim aqui falar sobre aquela lá, não é? Porque justamente EU facilitaria as coisas? - Ela abriu um sorriso brilhante, como se uma ideia lhe brotasse do nada, mas foi interrompida pelo "bom humor" de Hades.

- Posso saber o que faz aqui, Afrodite, além de se vangloriar?

Afrodite olhou para cima, pensativa, depois deu de ombros.

- Estava sem nada para fazer e acabei... Bem... Observando a vida dos meus queridos irmãos e parentes. - Ela umedeceu os lábios - Ouvi uns rumores sobre a Perséfone no Olimpo novamente e tudo mais... Achei que você precisaria de uma ajuda, um conselho, um empurrãozinho. - Afrodite encarou Poseidon - Acha que estou errada? - É claro que o fato de Perséfone voltar para o Olimpo não a incomodava. Afrodite se convenceu de que fazia o que estava fazendo pelo bem do amor.

- Hades jamais chegará ao romantismo extremo, você sabe, ele tem uma dificuldade imensa de lidar com os sentimentos que trazem alguma vida. Ele não nasceu preparado para isso, é o que eu digo. Porém, posso sentir a confusão dele, como posso sentir a dela. Mas não vim aqui falar sobre aquela lá, não é? Porque justamente EU facilitaria as coisas?

Aquele dialogo todo foi mais entre Poseidon e Afrodite do que com o próprio Hades. O deus dos mares por sua vez cruzou os braços e ficou ouvindo o que a deusa tinha a dizer, era bom ela não tentar tirar a glória de bom irmão dele...mesmo ela sendo lindo ele não iria conseguir segurar a sua fúria por perder esse momento.

- Posso saber o que faz aqui, Afrodite, além de se vangloriar?

- Estava sem nada para fazer e acabei... Bem... Observando a vida dos meus queridos irmãos e parentes. Ouvi uns rumores sobre a Perséfone no Olimpo novamente e tudo mais... Achei que você precisaria de uma ajuda, um conselho, um empurrãozinho. -Acha que estou errada?

- Empurrãozinho? Esse ai? – apontou para Hades – Empurrãozinho é o que precisa para jogar um titã Olimpo abaixo...agora para Hades... – ele olhou para o irmão e riu – Voltando a lição... cartões romandicos, sei lá diga o que sente no seu coração com palavras doces que não incluam “trevas, mortos, almas, Tartátaro ou no final mais cedo ou mais tarde todos os mortais vem a mim...” – disse pigarreando e olhando para Afrodite que o encarava feio – Que foi? Você também não ia gostar de receber um recado desses... – disse dando de ombros.

Na verdade era complicado para ele se lembrar do que havia escrito, pois tudo havia saído muito que espontaneamente. Porém com Afrodite a sua frente não seria difícil fazer uma cena improvisada, ele sorriu de forma malandra e olhou nos olhos da deusa.

- Veja e aprenda... – disse dando tapas no ombro do irmão. De forma lenta e misteriosa ele foi se aproximando da deusa – Sabia Afrodite que Hades mandou fazer um jardim especial para sua amada... – ele deu a volta pela deusa enquanto passava as costas da mão em seu rosto, parando logo atrás dela – Você podia ser boazinha e ensinar alguns poemas para ele... – disse próximo ao ouvido dela mas num tom que todos os presentes pudessem ouvir.

De qualquer forma, mesmo com a interrupção, parecia que sua diversão não ia ter fim.

- Estava sem nada para fazer e acabei... Bem... Observando a vida dos meus queridos irmãos e parentes. Ouvi uns rumores sobre a Perséfone no Olimpo novamente e tudo mais... Achei que você precisaria de uma ajuda, um conselho, um empurrãozinho. Acha que estou errada? - ergueu a sobrancelha interessado no motivo de tanta solicitude de Afrodite em lhe empurrar aos braços de Perséfone.

Porém, não pode perguntar nada sobre ela, antes que Poseidon já respondia por ele.

- Empurrãozinho? Esse ai? Empurrãozinho é o que precisa para jogar um titã Olimpo abaixo... agora para Hades... – ele apenas riu, quando voltou a observá-lo – Voltando a lição... cartões românticos, sei lá, diga o que sente no seu coração com palavras doces que não incluam “trevas, mortos, almas, Tártaro ou no final mais cedo ou mais tarde todos os mortais vem a mim...”

Imediatamente a cena de algumas semanas atrás lhe veio a mente...

"Ela estava furiosa por não ter deixado-a retornar ao Olimpo e ameaçava fazer greve de fome. Ainda se lembrava das palavras ditas em tom frio e lógico, enquanto observavam a porta, sem se virar para ela...

- Que assim seja, Perséfone. De todas as formas, você será minha, ou talvez você tenha se esquecido do Reino ao qual sou dono?"

Alguma coisa naquele momento lhe dizia que não deveria ter dito aquilo...

Só acordou dos seus devaneios e das engrenagens que funcionavam sem parar dentro de sua cabeça quando Poseidon lhe deu alguns 'tapinhas' amistosos no ombro, enquanto acrescentava em sussurros:

- Veja e aprenda. - logo depois, ele começou a se aproximar de forma lenta, diminuindo o espaço que já era pouco entre os dois e lhe produzindo uma leve carícia no rosto - Sabia, Afrodite, que Hades mandou fazer um jardim especial para sua amada... - ele andava como um predador em volta de Afrodite. Respire, respire, respire, ordenava em sua mente, continuando a observar a 'sedução' do irmão - Você podia ser boazinha e ensinar alguns poemas para ele...

Ele sabia fazer poemas, ele sabia conquistar uma mulher, ele já dominava a arte de flertar havia séculos. Mas eram apenas por uma noite e por diversão, simplesmente não havia nada, além da satisfação de conseguir vê-las caírem facilmente em seus braços e fazer todos os seus desejos. Não era isso que queria de Perséfone... não era isso que queria mostrar a Perséfone...

Era tão difícil de entenderem? Ou ele que não sabia explicar aquela necessidade? Obviamente a segunda alternativa. Ele mal sabia o motivo de querer ser verdadeiro com Perséfone, não imaginava que colocasse coerente em palavras o que realmente queria aprender.

Queria aprender a conquistar o amor dela e não o seu desejo. Queria que ela o aceitasse do jeito que era.

Mas... talvez... isso não fosse possível. Não havia nada de belo em seu reino. Não havia nada romântico em seu reino. Afrodite só o tinha atormentado durante os séculos anteriores para ser mais um de seus amantes, porque ele era difícil e ela queria provar que o amor poderia penetrá-lo.

Continuou a observar os dois em silêncio e com expressão indiferente, cruzando os braços. Esperando o desfecho do que ocorreria. Novamente tirando suas próprias conclusões sobre o assunto... sozinho. Seria inoportuno interromper os dois amantes com suas dúvidas obviamente tolas.

Afrodite observava Poseidon com um sorriso divertido e maroto.

- Empurrãozinho? Esse ai?Empurrãozinho é o que precisa para jogar um titã Olimpo abaixo...agora para Hades... Voltando a lição... cartões romandicos, sei lá diga o que sente no seu coração com palavras doces que não incluam “trevas, mortos, almas, Tartátaro ou no final mais cedo ou mais tarde todos os mortais vem a mim...” Que foi? Você também não ia gostar de receber um recado desses...

Ela riu, mas parou ao ouvir a próximas palavras de Poseidon.

- Veja e aprenda... Sabia Afrodite que Hades mandou fazer um jardim especial para sua amada... Você podia ser boazinha e ensinar alguns poemas para ele...

Afrodite sentia o toque, a voz, o cheiro e toda a presença de Poseidon e, por ela, eles dariam um passeio bastante diferente naquele momento, mas ela apenas acariciou os cabelos do Deus e se voltou para Hades.

- Meu caro Poseidon... - Começou a dizer, calmamente - Acho que nosso querido Hades não precisa disso, exatamente. - Ela caminhou até Hades e pousou os olhos sobre os dele - Você fez um jardim em uma terra morta, como essa. Você foi delicado, mesmo sendo quem é. Você é capaz de ser romântico, mas somente quando lhe convém. - Ela sorriu - Mas eu sei que dessa vez não é só mais uma conquista barata, como Poseidon estava querendo te mostrar como fazer. - Afrodite encarou Poseidon, com um sorriso do tipo "venha me pegar às 22h", depois voltou a olhar para Hades - As coisas precisam ser um tanto mais diferentes, pelo que vejo. - Ela se afastou, pensativa - Não acho que ele vá conquistar Perséfone somente com poemas, serenatas e jantares à luz de velas. Ela é um pouco mais difícil. Precisamos conhecer melhor seus gostos, suas vontades e, especialmente, seus sonhos.

- Meu caro Poseidon... Acho que nosso querido Hades não precisa disso, exatamente.

Poseidon fechou o sorriso, mas continuou observando a forma como Afrodite se movia.

- Você fez um jardim em uma terra morta, como essa. Você foi delicado, mesmo sendo quem é. Você é capaz de ser romântico, mas somente quando lhe convém. Mas eu sei que dessa vez não é só mais uma conquista barata, como Poseidon estava querendo te mostrar como fazer.

Ele ergueu a sobrancelha no “conquista barata” mas sorriu delicado quando a deusa lhe lançou o olhar.

- As coisas precisam ser um tanto mais diferentes, pelo que vejo. Não acho que ele vá conquistar Perséfone somente com poemas, serenatas e jantares à luz de velas. Ela é um pouco mais difícil. Precisamos conhecer melhor seus gostos, suas vontades e, especialmente, seus sonhos.

- Se você diz... – ele cruzou os braços encarando o irmão – E então...o que descobriu até agora? – por mais que achava inútil fazer tal questão a Hades.

- Ela é um pouco mais difícil. Precisamos conhecer melhor seus gostos, suas vontades e, especialmente, seus sonhos.

Sonhos? O que teria os sonhos dela a ver com tê-la para sempre?

- Se você diz... – disse o irmão, encarando-o – E então... o que descobriu até agora? – olhava-o com incredulidade, como se não tivesse a mínima noção do que Perséfone gostaria.

Ele poderia não ter noção do que Afrodite queria dizer com 'sonhos', mas ele sabia muito bem os gostos de Perséfone e suas vontades, onde tentara naquelas semanas que a mantivera em cativeiro satisfazer a todas elas.

- Não sei o que você quer dizer com sonhos... os poucos que ela teve não pareciam felizes. - ele ergueu a sobrancelha, se perguntando se talvez o motivo desses 'sonhos' fosse saber o que a deixava triste e não fazer? - Mas sei bastante dos gostos dela e de suas vontades, não passei anos observando-a para raptá-la sem saber nada. Mas alguma coisa deu errada... não saiu bem como o planejado, nem no começo, muito menos no fim... - desconfiava que tinha feito muitas coisas erradas no meio do caminho, descobrindo seus erros lentamente durante a conversa. - Ela parecia mais previsível no Olimpo... - murmurou, já começando a se perder em pensamentos, enquanto olhava para as paredes desenhadas em baixo-relevo, mas sem enxergar os desenhos.

- Se você diz... E então...o que descobriu até agora?

Afrodite percebeu o descontentamento de Poseidon com o seu "pouco caso" em relação ao que ele estava fazendo, mas apenas sorriu. Ela sabia que ele nunca caía nas suas armadilhas...

- Não sei o que você quer dizer com sonhos... os poucos que ela teve não pareciam felizes. Mas sei bastante dos gostos dela e de suas vontades, não passei anos observando-a para raptá-la sem saber nada. Mas alguma coisa deu errada... não saiu bem como o planejado, nem no começo, muito menos no fim... Ela parecia mais previsível no Olimpo...

Ela suspirou, meio tristonha.

- Incrível como as pessoas ainda se perdem com o amor. - Ela caminhou delicadamente para perto dos dois - Os sonhos, nesse caso, são os desejos mais profundos dela. Aqueles que temos e não queremos assumir nem para nós mesmos. - Ela sorriu maldosamente para Hades, lembrando em como ele tentou evitar o que sentia pela Perséfone - E fazer todas as vontades dela só a deixa mais mimada, você sabe. - Fechou a cara para ele - É ainda pior, porque ela acaba agindo como um bebê: por saber que é sendo irredutível que ela ganha tudo o que quer, é assim que ela agirá, concorda? - Ela voltou a observar os olhos de diamante de Hades - Convenhamos que o Olimpo está quase sempre da mesma forma. Perséfone não tem como agir de muitas maneiras diferentes. Mas o Submundo requer uma certa perspicácia, conhecimento e flexibilidade. E é num lugar assim, novo e instigante, que você vai conhecer melhor a personalidade dela.

Afrodite se calou, desviando o olhar. Ela passou a andar de um lado para o outro, pensando, com uma expressão séria e distante.

- Não sei o que você quer dizer com sonhos... os poucos que ela teve não pareciam felizes. Mas sei bastante dos gostos dela e de suas vontades, não passei anos observando-a para raptá-la sem saber nada. Mas alguma coisa deu errada... não saiu bem como o planejado, nem no começo, muito menos no fim... Ela parecia mais previsível no Olimpo...

Ele colocou as mãos na cintura sem entender, Hades havia ficado na sombras por tanto tempo e mesmo assim não conseguiu nada de útil? Talvez o senhor dos mortos deveria conhecer o que é a impulsividade.

- Incrível como as pessoas ainda se perdem com o amor. Os sonhos, nesse caso, são os desejos mais profundos dela. Aqueles que temos e não queremos assumir nem para nós mesmos. E fazer todas as vontades dela só a deixa mais mimada, você sabe.

- Fato. – pontuou.

- É ainda pior, porque ela acaba agindo como um bebê: por saber que é sendo irredutível que ela ganha tudo o que quer, é assim que ela agirá, concorda? Convenhamos que o Olimpo está quase sempre da mesma forma. Perséfone não tem como agir de muitas maneiras diferentes. Mas o Submundo requer uma certa perspicácia, conhecimento e flexibilidade. E é num lugar assim, novo e instigante, que você vai conhecer melhor a personalidade dela.

- Nada de leva-la para o Tártaro. Lá é um péssimo lugar... – comentou levando um olhar cortante de Afrodite.

A deusa se perdia em devaneios e o senhor dos mares pensava em como poder ajudar irmão.

- Por que não faz uma visita surpresa? Leve flores do jardim dela... – disse acrescentando um ”quem sabe uma ofensa a Zeus também” mentalmente.

- Os sonhos, nesse caso, são os desejos mais profundos dela. Aqueles que temos e não queremos assumir nem para nós mesmos. - Afrodite lhe lançara um olhar significativo, o que o fez apenas desviar os olhos com ar desentendido e cruzar os braços.

Bobagens! Como iria descobrir algo que nem mesmo Perséfone iria querer admitir? E qual era o propósito daquele olhar?

- E fazer todas as vontades dela só a deixa mais mimada, você sabe. - sentiu o olhar reprovativo, mesmo sem vê-lo.

- Fato. – concordou o irmão. De certo, era desnecessário.

- É ainda pior, porque ela acaba agindo como um bebê: por saber que é sendo irredutível que ela ganha tudo o que quer, é assim que ela agirá, concorda? - dessa vez, novamente seus olhos se encontraram com os de Afrodite. Era claro que ele sabia disso, mas ele não tinha dito que fazia todos os desejos dela.

Tinha feito, enfim, algo de certo quando a aprisionara? Fazer os gostos dela quando lhe dava vontade e ignorar os pedidos quando lhe convinha? O amor funcionava de um modo muito estranho e incompreensível... era muito diferente de flertar.

- Convenhamos que o Olimpo está quase sempre da mesma forma. Perséfone não tem como agir de muitas maneiras diferentes. Mas o Submundo requer uma certa perspicácia, conhecimento e flexibilidade. - concordou que realmente seu reino não tinha muito a ver com o Olimpo, por mais que tivesse tentado imitá-lo para a estadia dela... - E é num lugar assim, novo e instigante, que você vai conhecer melhor a personalidade dela.

QUE?, pensou incrédulo pela última frase. Afrodite estava delirando ou coisa parecida? Não possuía nada em seu reino que agradasse os olhos de Perséfone. Não havia sol, não havia cores, não havia calor, não havia vida. Tivera de criar um imenso jardim, com o melhor que tinha conseguido para imitação de um sol e sustentar precariamente vida dentro do seu mundo morto. Olhou para Poseidon, procurando saber se este partilhava do mesmo pensamento, porém tudo que ele falou foi:

- Nada de leva-la para o Tártaro. Lá é um péssimo lugar... - não, ele não parecia partilhar do mesmo pensamento que ele pelo comentário natural. Ou talvez tivesse simplesmente ignorado Afrodite - Por que não faz uma visita surpresa? Leve flores do jardim dela...

Seria uma sugestão interessante, se não soubesse que Deméter tinha piorado na paranoia. Parecia um urubu em cima de Perséfone por aqueles dias... ao menos, era isso que mostrava o seu espelho. Como iria encontrá-la às escondidas? Seria muito mais seguro se conseguisse, de algum modo, arrastar Perséfone para fora do Olimpo novamente, sem que Deméter desconfiasse, e raptá-la novamente para poder fazer seus novos testes. Porém, Poseidon já tinha vetado novas tentativas de rapto.

Leve flores do jardim dela... flores do jardim dela...

A imagem do jardim dela, naquele instante, lhe passou pela mente e seu estado... ligeiramente depressivo. Seu cérebro maquinava. Ele podia ser proibido de produzir outro sequestro, mas nada indicava que ele não poderia "convencê-la" a descer com ele e já conseguira um motivo muito bom para isso.

- Flores do jardim dela... é uma ótima ideia, irmão... porém, acharia mais eficaz um encontro às escondidas, fora do Olimpo. Não quero Deméter interrompendo. Ainda que eu não faça ideia de como fazer Deméter se desgrudar de Perséfone... - deu uma pausa, pensativo - está ainda pior do que antes do rapto. Mais paranoica. - revirou os olhos. Como se isso fosse me parar, pensou descrente da credulidade da irmã em proteger sua única e adorada filha.

- Nada de leva-la para o Tártaro. Lá é um péssimo lugar...

Afrodite perfurou Poseidon com os olhos por um momento.

- Por que não faz uma visita surpresa? Leve flores do jardim dela...

Ela ficou um tempo ponderando a ideia dele, imaginando hipóteses e falhas.

- Flores do jardim dela... é uma ótima ideia, irmão... porém, acharia mais eficaz um encontro às escondidas, fora do Olimpo. Não quero Deméter interrompendo. Ainda que eu não faça ideia de como fazer Deméter se desgrudar de Perséfone... está ainda pior do que antes do rapto. Mais paranoica.

Afrodite sorriu, radiante. Era como se um sol começasse a brilhar no Submundo.

- Poseidon, Hades... - Ela os observava com um olhar traquinas - Eu tive uma ideia. - Alargou ainda mais o sorriso - Perséfone tem seu próprio quarto no Olimpo e não imagino que Deméter fique por lá o tempo todo. Ela precisa de um tempo, como todo mundo. - Falava calmamente - Você consegue fazer ilusões a distância, Hades, que eu sei. Ilusões bem reais.

- E? - Perguntou Hades.

Afrodite chegou mais perto dos dois, baixando o tom de voz, pois sabia que no Submundo qualquer canto podia ter ouvidos.

- Quando ela entrar no quarto, sem a Deméter, provavelmente à noite... - Dizia, como se estivesse bolando a maior estratégia do Olimpo - A porta da varanda pode abrir com uma rajada leve de vento e ela ver, ao se voltar para a varanda, um caminho de pétalas de flores. - Afrodite deu de ombros - Tenho certeza de que isso chamaria a atenção dela. - Voltou a sorrir - Perséfone com certeza seguirá o caminho de pétalas, pois no centro haverá uma flor branca e brilhante, quase fantasmagórica à luz do luar. - Ela começou com a dramatização de sempre - Dessa forma, assim que Perséfone tocar na flor, você poderá aparecer para ela em uma de suas ilusões.

Afrodite voltou a se afastar, pensando.

- Será como um encontro, mas Zeus não saberá de sua "presença" lá. - Ela encarou Hades - Não imagino que Perséfone contaria a alguém. Acho que ela ficará surpresa e um tanto confusa. Só que isso não importa. - Sorriu - Será o momento perfeito para você entregar flores para ela, dizer o quanto você e o jardim sentem sua falta aqui e o quanto este lugar é morto, literalmente, sem ela.